Para a profissional, tratar a sustentabilidade como custo é um erro estratégico. Ela reforçou que iniciativas sustentáveis reduzem as emissões de CO₂ e trazem retorno real às empresas – um investimento com impactos visíveis e mensuráveis.
Palestrando no Palco Sales 2, no CMO Summit 2025, Camila Vidal, Head de Marketing ESG da eureciclo, lançou um alerta contundente: o Brasil continua entre os países que menos reciclam no mundo. No país, cerca de R$ 14 bilhões em materiais recicláveis são desperdiçados anualmente, sem retorno à cadeia produtiva.
Para a profissional, tratar a sustentabilidade como custo é um erro estratégico. Ela reforçou que iniciativas sustentáveis reduzem as emissões de CO₂ e trazem retorno real às empresas – um investimento com impactos visíveis e mensuráveis.
Mostrando na prática que caminhos mais sustentáveis existem e devem ser buscados, Camila destacou os resultados da parceria com a Qualy, que desde 2021 já destinou corretamente mais de 1 bilhão de embalagens. Um dos principais focos dessa colaboração é o polipropileno (PP), plástico de grande uso e baixa taxa de reciclagem, que carece de incentivos para ser reaproveitado.
“Temos um prejuízo ambiental e financeiro que não podemos mais ignorar. Nós investimos e estruturamos a cadeia para tornar essa reciclagem possível”, afirmou, apontando que 27 mil toneladas de PP ainda são descartadas anualmente sem qualquer tratamento.
Ao lado de Camila, Aline Alexandrino, Gerente Executiva de Marketing Spreads da BRF, compartilhou os bastidores da adesão da Qualy ao selo eureciclo. Ela destacou que o impacto da reciclagem vai além da questão ambiental. “Muitas famílias têm na reciclagem sua principal fonte de renda. Quando uma marca investe em iniciativas sustentáveis, ela também contribui para a inclusão social de forma concreta”, disse.
A ambição da BRF ao se unir à eureciclo foi ousada: reciclar 100% das embalagens de Qualy. O maior desafio estava justamente no polipropileno, plástico de baixa reciclabilidade. A rastreabilidade e compensação ambiental viabilizadas pela eureciclo foram fundamentais para tirar a meta do papel. Entre as ações realizadas está o lançamento de embalagens colecionáveis, conectadas a uma agenda maior de reaproveitamento e estímulo ao reuso.
Os pilares da transformação
Camila também destacou o papel do consumidor como força de transformação. O selo eureciclo nas embalagens é, segundo ela, um convite para que o público priorize marcas comprometidas com o futuro. “Nosso objetivo é que esse selo seja um critério de escolha. Que o consumidor reconheça o papel ativo daquela marca na construção de um mundo melhor”, disse.
Ao final da apresentação, Camila Vidal fez um chamado direto às marcas. “Será que a sua empresa está fazendo o papel certo em relação à sustentabilidade?”, questionou. Ela também destacou setores já engajados com a agenda ESG, como alimentos, bebidas e até o setor financeiro — citando o exemplo do Banco Inter, que compensa o papel utilizado em suas operações.
No varejo de moda, Camila aponta um movimento crescente, que começa a olhar não apenas para o descarte de tecidos, mas também para a reciclabilidade das embalagens. A expectativa é que essa preocupação ganhe força nos próximos dois anos.
Para a executiva, o futuro será das marcas que atuam com autenticidade e entregam resultados concretos. “Sustentabilidade não é um tema que pode ser adiado. Quem quiser continuar relevante vai precisar mostrar impacto real”, finaliza.