Preocupação com o clima cai na América Latina, mas cresce no Brasil

Preocupação com o clima cai na América Latina, mas cresce no Brasil


A preocupação pública com as mudanças climáticas está em queda em grande parte da América Latina, o que não quer dizer que o tema tenha perdido a relevância

No geral, guerras e conflitos (52%) superaram o clima (31%) entre as principais apreensões globais da população.

Os dados compõem a edição 2025 da Pesquisa Global de Consciência do Consumidor, conduzida pelo Forest Stewardship Council (FSC) em parceria com o instituto IPSOS. A análise indica uma forte divergência entre os países latino-americanos. O México lidera o ranking regional, com 42% da população listando as mudanças climáticas como uma de suas maiores preocupações.

Na outra ponta, a Bolívia aparece em último lugar, com apenas 17%. A diferença de 25 pontos percentuais ilustra a desigualdade de percepções dentro da região. Entre os dez países avaliados, apenas Brasil e México registraram aumento no nível de preocupação desde a última edição da pesquisa, realizada em 2022.

O Brasil, aliás, é o destaque global do levantamento, com um salto de 18% para 33% no índice de preocupação — o maior avanço entre todos os países analisados. Em contraste, Argentina (26% para 21%), Colômbia (29% para 25%), Chile (30% para 26%) e Peru (27% para 26%) registraram quedas que reforçam o distanciamento entre a urgência climática e a percepção pública.

Segundo Subhra Bhattacharjee, diretora-geral do FSC, a dispersão dos dados na América Latina reflete diferenças de percepção e não necessariamente desinteresse. A atenção e o risco são desiguais,  e isso é um sinal de que as abordagens sobre o tema precisam ser mais práticas. Quando as pessoas percebem riscos concretos, como fogo, escassez de água e perda de biodiversidade, elas reagem. O desafio é tornar a ação climática tangível.

Florestas concentram maior percepção dos impactos climáticos

A pesquisa indica que as preocupações ligadas às florestas continuam mais presentes na América Latina do que em qualquer outra região. A exploração madeireira ilegal é o tema mais citado, com 25% das menções, seguida por incêndios florestais e desmatamento — ambos entre os maiores temores relacionados ao meio ambiente. Os resultados reforçam o papel central das florestas na percepção pública sobre o clima e nas cadeias produtivas que dependem desses ecossistemas.

Subhra destacou que a proteção florestal deve ser vista como um pilar econômico e social, além de ambiental. Empresas que compram de operações verificadas, livres de desmatamento e com benefícios compartilhados reduzem riscos e mantêm pessoas e florestas seguras. Nesse sentido, as comunidades ficam mais seguras quando as cadeias de suprimento recompensam as boas práticas. 

Mesmo diante da queda na preocupação declarada, o estudo aponta que o comportamento do consumidor segue fortemente orientado por valores sustentáveis. Globalmente, 72% dos entrevistados afirmam preferir produtos que não causem danos a plantas ou animais. O reconhecimento do selo FSC também aparece associado a maiores níveis de confiança nas marcas, sugerindo que práticas verificáveis de sustentabilidade continuam a ser um fator de fidelização.

Entre os 29 mercados avaliados, México (89%), Brasil (86%) e Chile (83%) apresentam índices de confiança acima da média global de 72% em relação a marcas ligadas a produtos certificados pelo FSC.

 

 

Fonte: Mundo do Marketing


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