A Inteligência Artificial já ocupa o topo da lista de prioridades das empresas brasileiras para 2026, mas ainda enfrenta um descompasso entre discurso e prática
É o que mostra a pesquisa Panorama 2026, realizada pela Amcham Brasil em parceria com a Humanizadas, com 629 executivos de médias e grandes companhias que representam mais de 592 mil colaboradores.
O levantamento mostra que, embora a IA seja vista como prioridade número um, 77% das companhias ainda destinam até 2% de seu orçamento à tecnologia. Como consequência, 61% dos líderes afirmam não ter percebido impacto relevante nos resultados.
Além do acesso técnico, os obstáculos envolvem a execução da estratégia, a resistência cultural, as lideranças despreparadas, a qualidade dos dados internos e a falta de capacitação foram os principais entraves mencionados pelos executivos.
“Os maiores desafios para o avanço das empresas brasileiras não são apenas tecnológicos, mas humanos e organizacionais. A dificuldade em executar a estratégia, a resistência cultural e a falta de liderança preparada superam, inclusive, as limitações de acesso à tecnologia”, destaca Marcelo Rodrigues, Diretor Executivo de Inovação e Novos Negócios da Amcham Brasil.
O futuro da competitividade
O Panorama 2026 destaca um paradoxo de que a Inteligência Artificial é a prioridade número um das empresas no Brasil, mas o investimento ainda não acompanha o discurso. A empresa que não investir e nem aprender a criar modelos e processos a partir das oportunidades tecnológicas que a IA oferece desde já abrirão uma lacuna que poderá inviabilizar a competitividade do seu negócio.
Para a Amcham, o diferencial competitivo nos próximos anos não será definido apenas por quem adotar IA, mas por quem souber integrá-la de maneira transversal.
“Fazer igual com uma camada de inteligência artificial será insuficiente. A vantagem competitiva virá de quem souber combinar tecnologia, dados, liderança e cultura organizacional. Empresas que organizarem seus dados, redefinirem modelos de gestão a partir da tecnologia e aplicarem IA em seus nichos terão saltos de produtividade que não serão possíveis para quem ficar para trás”, reforça Rodrigues.
Como resposta prática aos resultados da pesquisa, a Amcham anunciou o lançamento do Hub de Inteligência Artificial, que terá três frentes de atuação: capacitação executiva, troca de melhores práticas – relatórios, webinars e comunidade de líderes e projetos colaborativos – conexão entre empresas, startups e universidades.