O consumidor brasileiro entrou de vez na era da conveniência digital e está cada vez mais ansioso para receber suas encomendas
Mais da metade (57%) dos brasileiros esperam ter suas compras em mãos em até 24 horas – em categorias como medicamentos e bebidas a expectativa chega a 15 minutos a 1 hora.
Segundo o estudo The Future Shopper 2025, realizado pela VML em 16 mercados, o Brasil se destaca entre os países mais exigentes quando o assunto é experiência digital. Além da pressa pela entrega, o estudo mostra que o país já é o segundo do mundo em consumo online: 58% afirmam gastar mais pela internet do que em lojas físicas, empatado com a Arábia Saudita e atrás apenas da China.
A pesquisa destrinchou alguns insights sobre o comportamento do consumidor que pode ser utilizado em diversos negócios:
Frete grátis como driver de fidelidade
Se a entrega rápida é essencial, o preço dela também pesa. 55% dos brasileiros consideram o frete gratuito o principal fator de fidelização, acima até da qualidade do produto e da velocidade de entrega. O dado evidencia que, para conquistar lealdade, as marcas precisam encontrar equilíbrio entre logística eficiente e modelos de custo que não afastem o consumidor.
A pressão pelo frete grátis não é nova, mas o estudo reforça que ela se consolidou como elemento crítico da jornada de compra. Para os varejistas, isso significa investir em operações last mile, hubs urbanos e negociações logísticas para sustentar a promessa sem corroer margens.
Influenciadores e redes sociais no centro da jornada
As redes sociais se tornaram vitrine e canal de vendas. O levantamento aponta que 67% dos brasileiros já compraram via social commerce, com destaque para o Instagram (38%) e crescimento acelerado do TikTok (13%). Além disso, 55% afirmam que influenciadores digitais impactam diretamente suas decisões de compra – e 18% dizem confiar mais em criadores do que em familiares ou amigos.
Esse cenário reforça o papel estratégico do Marketing de influência, que deixou de ser apenas awareness para se consolidar como motor de conversão. As marcas precisam, portanto, equilibrar autenticidade, escolha assertiva de parceiros e integração com o funil de vendas.
Mobile first na prática
O smartphone se consolidou como a principal porta de entrada para o e-commerce. 65% dos brasileiros já preferem comprar pelo celular, 10 pontos a mais que em 2024. A praticidade, aliada ao avanço dos apps de compra e pagamento, explica essa evolução.
Esse dado exige que marcas e varejistas deixem de tratar “mobile first” como buzzword e passem a repensar a experiência digital desde a tela pequena: navegabilidade, checkout simplificado e integração com carteiras digitais.
Inteligência Artificial em ascensão
A penetração da IA no dia a dia do brasileiro já é expressiva: 84% afirmam utilizar ferramentas de inteligência artificial para atividades como tradução, trabalho e criação de imagens. Embora o uso para compras ainda seja inicial, 64% acreditam que a tecnologia ajudará a encontrar os melhores preços e produtos.
O dado sinaliza uma transformação na relação entre consumidor e varejo. Se até hoje as pessoas buscavam produtos, em breve, serão agentes de IA negociando diretamente com marcas – filtrando ofertas, preços e relevância. Nesse cenário, a capacidade das empresas de “conversar com algoritmos” pode ser tão ou mais importante do que a comunicação com os consumidores humanos.
O peso do país de origem
Outro fator que ganhou força é a consciência sobre a origem dos produtos. 88% dos brasileiros dizem levar em conta o país de fabricação na decisão de compra, um crescimento de 17 pontos em relação ao ano passado. O movimento reflete a influência de tarifas, sanções e questões geopolíticas na percepção de valor e confiança.
Para as marcas, isso significa que transparência e comunicação de procedência se tornam diferenciais. Em um ambiente global instável, reforçar a narrativa de origem pode aumentar a competitividade.
Um consumidor impaciente e informado
Embora o digital seja protagonista, os consumidores não perdoam falhas: 45% abandonam compras por experiências online frustrantes. O estudo mostra um consumidor brasileiro conectado, impaciente e cada vez mais criterioso.
A pressão por conveniência (rapidez e frete grátis), a influência das redes sociais, a centralidade do mobile e a expectativa em torno da IA compõem um cenário em que marcas e varejistas precisam ir além da presença digital: é preciso oferecer experiências consistentes, ágeis e personalizadas em múltiplos canais.
O desafio, segundo o estudo, é equilibrar tecnologia, logística e relevância cultural. Segundo Stella Pirani, Chief Strategy Officer da VML Brasil, “as marcas que conseguirem unir esses pilares conquistarão não apenas a preferência, mas também a fidelidade do consumidor brasileiro”.