Como as crianças e adolescentes brasileiros se relacionam com o celular

Como as crianças e adolescentes brasileiros se relacionam com o celular

Levantamento do Mobile Time e Opinion Box mostra mudanças no acesso aos smartphones e no controle dos pais sobre o uso

A presença do smartphone na vida de crianças e adolescentes brasileiros continua a crescer, mas em meio a novas regras escolares e ao debate público sobre saúde digital, surgem sinais de mudança. O estudo Panorama Mobile Time/Opinion Box, realizado em julho com 2.005 pais, indica que a idade média em que a criança ganha o primeiro celular é de 10 anos e 3 meses.

Entre os resultados, a pesquisa revela que houve redução na proporção de crianças com aparelho próprio em algumas faixas etárias. No grupo de 4 a 6 anos, caiu de 30% para 17%. Entre 7 e 9 anos, de 49% para 45%. Já na faixa de 10 a 12 anos, o percentual passou de 76% para 69%. A tendência está relacionada a restrições legais nas escolas e à preocupação dos pais com os impactos do uso precoce.

Motivações e tempo de tela

Os motivos apontados para a posse do celular variam conforme a idade. Entre 4 e 6 anos, a principal função é o entretenimento (71%). De 10 a 12 anos, o aparelho é usado para falar com os pais (58%). Já entre adolescentes de 13 a 16 anos, a ênfase está na segurança fora de casa (59%).

O tempo médio de exposição cresce conforme a idade: 1h28 por dia entre crianças de até 3 anos e 3h44 no grupo de 13 a 16 anos. Mais da metade dos pais com filhos acima de 4 anos considera que eles passam mais tempo do que o adequado conectados ao celular. Mesmo assim, apenas 22% dos pais de crianças de até 3 anos dizem impor limites de tempo, percentual que chega a 44% entre responsáveis por adolescentes.

Apps e jogos mais populares

O YouTube aparece como o aplicativo mais usado por crianças e adolescentes em todas as idades, superando inclusive o YouTube Kids entre os mais novos. WhatsApp, TikTok e Instagram também ganham relevância conforme o avanço da idade. O ChatGPT foi incluído pela primeira vez na pesquisa e já é utilizado por um terço dos adolescentes de 13 a 16 anos.

Nos jogos, Roblox mantém a liderança, seguido por Minecraft e Free Fire. Entre os adolescentes, observa-se queda no uso de plataformas como Facebook, Instagram, Netflix e Google em comparação ao ano anterior.

Cyberbullying

O levantamento mostra ainda que 13% dos pais relataram que os filhos já sofreram algum tipo de cyberbullying, e 7% reconheceram que eles já praticaram. O WhatsApp aparece como o ambiente mais citado nesses casos (32%). A escola se tornou a principal instância acionada pelas famílias: 32% dos pais de vítimas procuraram a instituição de ensino, contra 22% no ano passado.

Classe social

Nas classes D e E, o celular aparece como instrumento central para os estudos, diante da baixa penetração de banda larga fixa e laptops nos lares. Nesses grupos, 46% dos pais afirmam emprestar o aparelho para fins educacionais. O mesmo percentual cai para 31% na classe C e 18% nas classes A e B.

O estudo também aponta diferenças no enfrentamento do cyberbullying. Enquanto nas classes mais altas os episódios costumam ser descobertos pelos próprios filhos, entre as famílias das classes D e E a escola tem papel mais ativo como informante e mediadora.

Fonte: Propmark
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