Ferramenta permite exibir anúncios fora do Mercado Livre com base nos dados de navegação da plataforma
Em um movimento que promete transformar o cenário do delivery e da mobilidade urbana no Brasil, iFood e Uber anunciaram uma integração de serviços a partir do segundo semestre de 2025.
A união permitirá que usuários solicitem corridas diretamente pelo app do iFood e façam pedidos de comida e mercado pelo app da Uber, conectando duas das maiores plataformas do país em uma experiência integrada.
A aliança ocorre em meio à intensificação da disputa no setor. A chinesa Meituan, gigante global de entregas, revelou um investimento de R$ 5,6 bilhões no mercado brasileiro, onde o iFood ainda lidera com mais de 55 milhões de usuários ativos, 400 mil restaurantes parceiros e 360 mil entregadores espalhados por 1.500 cidades.
Já a Uber, com 30 milhões de usuários e 1,4 milhão de motoristas e entregadores registrados, traz um robusto aparato logístico, que combinado ao do iFood, forma um dos maiores ecossistemas de serviços sob demanda do Ocidente.
Segundo Marcelo Marani, especialista em gestão de restaurantes e fundador da escola Donos de Restaurantes, a estrutura do iFood é de um Titanic, mas a agilidade é de um jet ski. Essa integração com a Uber é mais uma jogada estratégica em um mercado que exige movimentos rápidos e certeiros.
Integração traz conveniência, mas exige preparo
Para o consumidor, o principal ganho será a conveniência: mobilidade, compras e delivery reunidos em um único ambiente digital. Já os restaurantes poderão se beneficiar de um aumento no volume de pedidos, impulsionado pelo redirecionamento do tráfego das corridas para os serviços de alimentação.
No entanto, Marani alerta que o crescimento da demanda exige preparação. Mais visibilidade significa mais pedidos, mas se o restaurante não estiver pronto para isso, a qualidade do serviço pode cair e perder clientes em vez de ganhar.
Riscos de dependência e competição agressiva
A concentração de serviços em poucas plataformas também levanta preocupações. Muitos pequenos restaurantes já enfrentam margens apertadas devido às comissões cobradas e às políticas pouco transparentes. A nova integração pode ampliar essa dependência.
Marani pontua que confiar apenas na plataforma é um erro. O empresário precisa conhecer seus próprios dados, diversificar os canais de venda e criar estratégias próprias de fidelização, como clubes de vantagens ou programas de assinatura.
Além disso, a chegada da Meituan com forte poder de investimento e disposição para subsidiar operações pode intensificar a guerra por clientes, pressionando preços e aumentando o custo de aquisição.
Uma jogada bilionária de dados
Apesar de ser apresentada como uma solução para o consumidor, a parceria entre iFood e Uber tem na coleta e no cruzamento de dados seu verdadeiro trunfo. Informações sobre geolocalização, hábitos de consumo, tempo de entrega e perfil socioeconômico alimentam algoritmos poderosos de recomendação e personalização, abrindo espaço para novas fontes de receita por meio de publicidade segmentada e soluções logísticas sob medida.
Especialistas estimam que a integração deve gerar bilhões em oportunidades de negócio. Os detalhes contratuais e o modelo de monetização ainda não foram divulgados, mas a expectativa é que a nova funcionalidade esteja disponível em todo o país até o fim de 2025.
Para os donos de restaurantes, o recado é claro: acompanhar os desdobramentos, fortalecer o controle financeiro e pensar estrategicamente a presença digital se tornaram exigências básicas para competir.
Luciana Ceccato (Diretora de Marketing da Uber) e Ana Gabriela Oliveira Lopes (CMO do Ifood) estarão no CMO Summit. Esteja com elas no maior evento de lideranças de Marketing do Brasil!