Os consumidores estão cansados de viver sob o comando dos algoritmos, prontos para redefinir o significado de juventude e em busca urgente de conexões mais humanas
Esses três movimentos — resistência à influência das máquinas, reinvenção das fases da vida e déficit de afeto — mostram como o comportamento global caminha para uma era de maior consciência emocional e autonomia digital.
O alerta vem das Global Consumer Predictions 2026, estudo da Mintel que identifica as forças culturais e sociais que vão guiar o consumo até 2030. O relatório mostra que, por trás da aceleração tecnológica e da automação cotidiana, cresce uma demanda por controle, autenticidade e propósito — fatores que desafiam as marcas a resgatarem o lado humano da experiência.
“A inspiração só importa quando leva à ação”, resume o documento, ao propor reflexões estratégicas sobre como equilibrar eficiência, emoção e criatividade no futuro do Marketing.
Anti-Algorithm: o consumidor que desafia as máquinas
O primeiro movimento aponta uma crescente resistência à influência dos algoritmos. Depois de anos deixando plataformas e sistemas decidirem o que assistir, comprar e até pensar, as pessoas agora querem entender e controlar as lógicas por trás dessas recomendações.
Segundo o estudo, 63% dos britânicos afirmam que a IA os faz valorizar ainda mais o que é criado por humanos. A tendência é que, até 2030, o consumidor busque experiências mais intuitivas e transparentes, e as marcas terão de escolher se querem empoderar pessoas ou apenas alimentar algoritmos.
The New Young: o meio da vida como novo epicentro
A longevidade e o esgotamento dos modelos tradicionais de juventude estão diluindo fronteiras etárias. A Mintel chama esse fenômeno de The New Young: uma era em que os 40, 50 ou 60 anos se tornam um novo ponto de virada — e não de encerramento.
O conceito de “meia-idade” se expande para incluir reinvenção profissional, novos relacionamentos e mais experiências vividas agora, e não apenas planejadas para o futuro. Marcas de bem-estar, finanças, viagens e estilo de vida têm espaço para crescer ao apoiar esse público que quer viver bem em todas as fases da vida.
The Affection Deficit: o preço emocional da eficiência
Por fim, o estudo identifica um “déficit de afeto” alimentado pela automatização das interações. Em um mundo em que tudo se faz por aplicativos, check-ins automáticos e chatbots, a espontaneidade e o afeto estão se perdendo.
A sociedade está trocando “ser conhecida” por apenas “ser notada”. Nesse contexto, as marcas que conseguirem devolver calor humano à experiência do consumidor terão vantagem competitiva, seja ao criar espaços de convivência, produtos mais sensoriais ou narrativas que resgatem vulnerabilidade e empatia.
O relatório conclui com uma provocação: como oferecer eficiência sem apagar a humanidade? Para a Mintel, o futuro do consumo será moldado por quem conseguir equilibrar personalização tecnológica, propósito humano e novas formas de conexão, não só entre pessoas, mas entre gerações e valores.


